terça-feira, 31 de julho de 2007

Crepuscular

A incerteza cai
com a tarde no limite da praia.
Um pássaro apanhou-a,
como se fosse um peixe,
e sobrevoa as dunas
levando-a no bico. O
seu desenho é nítido, sem
as sombras da dúvida ou
as manchas indecisas da
angústia. Termina com a
interrogação, os traços do fim,
o recorte branco de ondas
na maré baixa. Subo a estrofe
até apanhar esse pássaro:
com o verso, prendo-o à frase,
para que as suas asas deixem
de bater e o bico se abra. Então,
a incerteza cai-me na página, e
arrasta-se pelo poema, até
me escorrer pelos dedos para
dentro da própria alma.
Nuno Júdice

4 comentários:

Bruxinha disse...

To muito triste,,nao precisei de coragem,,ele teve...triste demais
nao to aguentando...nao tem volta nao

storytellers disse...

bonito o poema, haveria tamto para dizer sobre esse tema.. nevermind, esquece, melhor dizendo..

beijos Kerubina

Flávia Vida disse...

sim...
lindo demais o poema...e quanto as coisas a dizer, incontáveis, é verdade...
beijinhos
:)

A. C. O'Rahilly disse...

É um poeta excelente. Um escritor que faça exame de você pela mão e o traga em um momento sem julgamento ou análise. É o que é.