terça-feira, 30 de outubro de 2007

Merci
o Casulo não esqueceu de agradecê-la, Luci, a menina fofa dos olhos repletos das Cores do Aquário, pelo lindo presente por você nos oferecido: o certificado de melhores momentos virtuais . por essa bato as asinhas de felicidade e repasso o certificado para outros magníficos blogs:
a menina dos olhos de água * a lua partida ao meio * la double vie de veronique * o perfil da casa, o canto das cigarras * sou o que sinto
entre tantos outros que por aí me encantam ...

A quoi ça sert l'amour?

o melhor do desencontro é, sem restolhos de dúvidas,

o reencontro. o encontro outra vez. pra nunca mais se

desencontrar

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

lose
... e então foi assim que ela descobriu que amava ainda mais do que alcançava amar o seu coração agora entristecido. ainda mais do que alcançavam envolver os seus abraços pequenos o mundo então escurecido. ainda mais do que alcançavam devanear os seus sonhos por hora adormecidos. e foi assim que os seus dias tornaram-se noites. e todas as suas noites tornaram- se vazias ...
ZzZzZzZzZ
porque hoje, particularmente hoje, há palavras
que me faltam e apenas uma vontade que me
excede: dormir um sono. profundo. até que
tudo tenha passado. até que a dor que agora
me aperta o peito já não me doa mais

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

[então, eu sou enorme!]
"Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura."

Frases como estas, que parecem crescer sem vontade que as houvesse dito, limpam-me de toda a metafísica que espontaneamente acrescento à vida. Depois de as ler, chego à minha janela sobre a rua estreita, olho o grande céu e os muitos astros, e sou livre com um esplendor alado cuja vibração me estremece no corpo todo.

"Sou do tamanho do que vejo!"Cada vez que penso esta frase com toda a atenção dos meus nervos, ela me parece mais destinada a reconstruir consteladamente o universo. "Sou do tamanho do que vejo!" Que grande posse mental vai desde o poço das emoções profundas até às altas estrelas que se reflectem nele e, assim, em certo modo, ali estão.

E já agora, consciente de saber ver, olho a vasta metafísica objectiva dos céus todos com uma segurança que me dá vontade de morrer cantando. "Sou do tamanho do que vejo!" E o vago luar, inteiramente meu, começa a estragar de vago o azul meio-negro do horizonte.

Tenho vontade de erguer os braços e gritar coisas de uma selvageria ignorada, de dizer palavras aos mistérios altos, de afirmar uma nova personalidade larga aos grandes espaços da matéria vazia.

Mas recolho-me e abrando-me. "Sou do tamanho do que vejo!" E a frase fica sendo-me a alma inteira, encosto a ela todas as emoções que sinto, e sobre mim, por dentro, como sobre a cidade por fora, cai a paz indecifrável do luar duro que começa largo com o anoitecer."

Fernando Pessoa
in Do Livro do Desasossego

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Memória
no fundo da minha memória busco a tua história
e tento entender porque dela fez-se a minha

o cheiro das tuas manhãs ingênuas,
o gosto de tuas tardes a brincar na rua
a cor dos teus sonhos pueris e
a textura dos teus desejos de criança

no fundo da minha memória
busco a tua história e todas as horas por
espreitar que ainda viriam: tuas descobertas,
esperanças e novos amores

de dentro da minha memória espio e desvendo
teus segredos, tuas ilusões e as cobiças
sinto o teu cheiro, toco teu cabelo, sopro em teus
ouvidos

essa minha memória não se cansa de perguntar
à tua história porque dela fez-se a minha ...

...e porque dela FAZ-SE, em todos os instantes
e a cada instante ainda, essa que me é devida.

[porque enquanto houver amor, valerá a pena]

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Faz de Conta

Faz de conta que ela era uma princesa azul pelo crepúsculo que viria, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que sangue escarlate não estava em silêncio branco escorrendo e que ela não estivesse pálida de morte, estava pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz-de-conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz-de-conta verde cintilante de olhos que vêem, faz de conta que ela amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus, faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de marinheiros que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua, faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos da gratidão mais límpida, faz de conta que tudo o que tinha não era de faz-de-conta, faz de conta que se descontraíra o peito e a luz dourada a guiava pela floresta de açudes e tranqüilidade, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando.

Clarice Lispector

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Love is a duel
[ não há, por ora, verdade maior do que essa ]

domingo, 7 de outubro de 2007

Para Sempre

A menina cerrou bem os olhos e pôs – se a sentir o vento. Levou a mão ao seu abraço. Era tarde. Estava acompanhada. Mas, sentia-se só. O frio começava a gelar os seus pés. E a única coisa que lhe apetecia, ali, naquele momento [e pro resto da sua vida vazia], era um alguém para esconder-lhe da brisa gelada. Um alguém que não deixasse que o vento frio daquele fim de noite congelasse, para sempre, o seu coração já enfraquecido.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

um dia inteiro
e a vida pode sim! ser este milagre que o sol nos conta

entre quando põe-se a nascer e quando põe-se para nascer

de novo n´outro dia. [ um dia inteiro. diante dos meus olhos.

diante dos seus olhos. ainda por viver. juntos. sempre ]

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Eu Te Amo
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás só fazendo de conta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir
Chico Buarque, Eu Te Amo

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

[e tudo fica bem. porque te tenho aqui comigo]
tão perto de mim está a tua mão. quente. macia.
que sobre o meu peito descansa. os meus olhos a sentem.
o meu coração a vê. o perfeito formato das tuas unhas. a cor
rosada da tua pele. teus dedos curtos e carnudos balançam no
ritmo intenso da minha respiração. sinto a tua presença em mim. e
isto é tudo. sob tua mão está o meu coração. o meu corpo. a minha
alma. e isto, por ora, é absolutamente tudo ...