[então, eu sou enorme!]
"Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura."
Frases como estas, que parecem crescer sem vontade que as houvesse dito, limpam-me de toda a metafísica que espontaneamente acrescento à vida. Depois de as ler, chego à minha janela sobre a rua estreita, olho o grande céu e os muitos astros, e sou livre com um esplendor alado cuja vibração me estremece no corpo todo.
"Sou do tamanho do que vejo!"Cada vez que penso esta frase com toda a atenção dos meus nervos, ela me parece mais destinada a reconstruir consteladamente o universo. "Sou do tamanho do que vejo!" Que grande posse mental vai desde o poço das emoções profundas até às altas estrelas que se reflectem nele e, assim, em certo modo, ali estão.
E já agora, consciente de saber ver, olho a vasta metafísica objectiva dos céus todos com uma segurança que me dá vontade de morrer cantando. "Sou do tamanho do que vejo!" E o vago luar, inteiramente meu, começa a estragar de vago o azul meio-negro do horizonte.
Tenho vontade de erguer os braços e gritar coisas de uma selvageria ignorada, de dizer
palavras aos mistérios altos, de afirmar uma nova personalidade larga aos grandes espaços da matéria vazia.
Mas recolho-me e abrando-me. "Sou do tamanho do que vejo!" E a frase fica sendo-me a
alma inteira, encosto a ela todas as emoções que sinto, e sobre mim, por dentro, como sobre a cidade por fora, cai a paz indecifrável do luar duro que começa largo com o anoitecer."
Fernando Pessoa
in Do Livro do Desasossego
17 comentários:
olá Flávia!
muito obrigada pela visita : )
abraços largos de oceano
dora
lindissimo...
:)
muito bonitas as imagens e o teu texto.
:)
bom fim de semana.
Seu blog é excepcional, não há outra palavra... excepcional e pronto. Parabéns.
que beleza este texto do Fernando Pessoa. Tenho o livro, mas ainda não tinha dado conta desta parte.
Abraços e beijos "inter-atlânticos"
ei! não dá pra comentar ali em cima...ta fechado.
a gente é do tamanho que a gente é... mesmo quando a gente se sente doutro tamanho... mesmo que nosso "tamanho" oscile... e por sermos deste nosso tamanho único e intransferível é que as dores nos doem quando são de doer... mas é também por isso que depois que aquela dor que paralisa deixa a gente se mexer a gente volta a ter o NOSSO tamanho...
beijo querida, esteja bem
apequenou-se para quando puder... crescer enorme e bonito... de novo ;)
"os coraçoes pegam fogo e depois nao ha nada que os apague..."
disso eu sei.
mais beijo
Tu és diferente, sente-se...
Beijinho
Olá Flavinha! Tem certos momentos que nos recolhemos para o impulso do vôo ser bem maior!QUero te ver voando por jardim de flores e cores.... bjinhos :)
comentei aqui os posts acima
:)
E FOI ASSIM QUE ELA DESCOBRIU QUE O AMOR ESTÁ EM QUEM AMA E NÃO EM QUEM É AMADO... e a capacidade de amar é que faz o amor... bom, é nisso que eu quero acreditar...rs
beijo menina e eu amo quela imagenzinha ali de cima, foi uma das primeiras que tive...
Gostava que esse sono e essa descoberta, que aos olhos de quem já não julga amar tanto, parece tardia, se transformassem em sonhos leves de borboleta e voassem para junto dos dias que ainda hão-de nascer. Com novas cores. Porque o coração tem certos dias um orçamento incomportável. E é assim que escrevemos verdadeiras palavras de desassossego.
Um beijinho muito grande*
Então Flavinha só para enviar um big kiss da "anja" Kerubina. Este é o meu comentário aos "posts" de cima.
Kisses com tudo do melhor
É de uma enormidade para além de quaisquer palavras a frase de F.Pessoa. Ou nada somos porque nada vemos ou somos muito porque muito vemos... mas será que aluma vez lá chearemos.
Parabéns pela escolha.
Um beijinho.
Flávia, beijinhos pra vc ... espero aquelas tuas palavras que tocam o coração da gente e que reflitam teu estado de espírito...
:)
Flavinha, deixei um presentinho pra vc no aquário...
bjão
:)
que brilhem muitas estrelinhas no teu céu...*
:)
Postar um comentário